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Existe pinturas rupestres na região de Itapeva?

Arqueólogo Silvio Araújo , professor Juliano Camargo e a arqueóloga Luana Antoneto, no Abrigo de Itapeva, 2016


Para quem se pergunta se existem  pinturas rupestres aqui em Nova Campina e na região, escrevo este relato, simples e objetivo, visando contribuir com estas dúvidas. 

Sim. Existe, sim. Alguns estão registrados por pesquisadores e são discutidos por eles, sendo base para estudos relacionados às áreas da arqueologia, geografia, dentre outras. Apresento para vocês algumas informações. Todas baseadas em pesquisas e estudos aqui na região.

Sobre alguns sítios em Itapeva, é importante também considerar o que está registrado no site alascaconsultoria.blog

"um número significativo de pesquisas arqueológicas já foi realizado no município. O Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos – CNSA e o SICG – Sistema Integrado de Conhecimento e Gestão, bancos de dados do IPHAN, apresentam registros de 21 sítios arqueológicos em Itapeva. Alguns deles: o Pedra Grande 4, referente a uma indústria lítica; o Abrigo de Itapeva, um abrigo rochoso com figuras rupestres; e o sítio histórico Casa do Barão de Antonina, composto pelas ruínas da sede da fazenda do Barão de Antonina. Há também outras duas ocorrências no município. Veja aqui

Sítios Geológicos e geomorfológicos. Cânions Paulista publicados

Antes, é importante citar o seguinte: com um trabalho dos pesquisadores, Célia Souza e Agenor Souza, que são geólogos de longa experiência e que conhecem muito bem nossa região, há uma publicação que faz parte de diversas publicações sobre sítios geomorfológicos do Brasil. O site é este: https://sigep.eco.br/sitios.htm . Nesta publicação, tive o privilégio de ter um texto que escrevi e que está ao lado da publicação de Agenor e Célia. 

Uma das localidades

Resumindo, o artigo de Célia e Agenor traduz de forma minuciosa, as características da feição de relevo apresentada por toda a estrutura doas arenitos que cortam a nossa região. Neste trabalho, eles fazem uma contextualização geral, descrevendo a importância, origem e um histórico sobre o sítio.

Trazendo para o tema desenvolvido aqui neste texto (Existe Pinturas Rupestres na Região de Itapeva?), o trabalho de Célia e Agenor fundamenta-se como uma importante base para entender o contexto das pinturas rupestres na região. Os atributos dos arenitos nesta imponente parede rochosa na região, que segue até o estado do Paraná,  com 260 Km de extensão, se mostram com uma beleza cênica ímpar. Apresenta-se assim com cachoeiras, cânions, lapas, abrigos e escarpas. Assim, é chamado, devidamente por estes atributos naturais, de "Escarpamento Estrutural Furnas". São neste contexto de "escarpamento", neste conjunto todo, citado acima, que as pinturas rupestres se apresentam. 

Pinturas Rupestres ou Arte Rupestre

Imagem reforçada por softwares mostra cervídeo nas paredes do Abrigo de Itapeva 

Arte rupestre é entendida como aquela que apresenta um conjunto de imagens e figuras feitas no período pré-histórico, ou seja, que data data pré-história ou ainda idade antiga. São marcas produzidas em cavernas e abrigos rochosos, pelo homem pré-histórico. Na região temos os seguintes registros: 

Abrigo de Itapeva

O abrigo de Itapeva, que contém gravuras e pinturas rupestres, é o mais conhecido. Há uma raspagem na rocha das paredes de arenito e também pinturas de figuras geométricas, além de um desenho de um cervídeo. O local, que fica na Fazenda Água Limpa, de propriedade da Fazenda Fracarolli, está dentro das áreas de influência do Escarpamento Estrutural Furnas. O arqueólogo Astolfo Araújo, que nos anos noventa e dois mil, fez diversas pesquisas deste sítio e outras localidades no estado de São Paulo, ressalta  também a questão das gravuras e ao mesmo tempo pinturas dentro das gravuras do abrigo, o que chama a atenção, segundo ele..

O sítio foi pesquisado em 1887 por Tristão Araripe e nos anos 70, por Desidério Aytai. Ainda citando essas pinturas e gravuras, o arqueólogo Sílvio Araújo também apresentou trabalhos acadêmicos que tratam sobre a questão da preservação destes locais. Os trabalhos de Silvio, que é natural da região de Itapeva, podem ser acessado no site da USP.  

O Abrigo de Itapeva constitui-se como uma dos maiores painéis rupestres do Estado de São Paulo. Segundo Araripe, o local foi visitado pelos indígenas, que buscaram ali repousar os seus mortos. Segundo ele, ali foram encontrados ossadas humanas. 

Sítio Abrigo Fabri 1 e Fabri 2

O abrigo Fabri 1, localizado na chamada serra das pedras, a leste de Itapeva, em, apresenta pinturas em paredes, com traços verticais avermelhados. Está situado também em paredes de arenitos. O sítio foi pesquisado por Silvio Araújo. Local de difícil acesso, ele situa-se numa propriedade particular. Nas localidades também foi encontrado um fragmento cerâmico, que, de acordo com a pesquisas, são de origem kaingang. 

A localidade, segundo Silvio, é conhecida por moradores mais antigos, como bairro do Colégio, devido ao fato de que havia um colégio de padres na região, no início da colonização da região sudoeste, há mais de 240 anos. A serra é marco divisor de águas entre as bacias do rio Taquari e Apiaí-Guaçu. 

O abrigo Fabri 2 situa-se na mesma localidade, mas na porção superior, em maior altitude. 

Os registros, com pigmentos vermelhos também retratam cervídeos, semelhantes aos do abrigo de Itapeva. No abrigo são encontrados pinturas em vermelho, conforme se observa na foto abaixo:

Registros do trabalho de Luana Antoneto, da USP

No Abrigo Fabri 2, há uma pintura no teto do abrigo. Há digitais, com alguns traços "feitos com o dedo, em pintura vermelha", conta a arqueóloga Luana Antoneto.

Segundo o arqueólogo Silvio, o Abrigo ainda contem três conjuntos de figuras que vão de grupos de pontilhados, bastões, círculos fechados, dentre outros de difícil identificação. A integridade do sítio, segundo ele, é ruim, mas ao redor, numa mata de vegetação rupestre, é cercado de bromélias, dentre outras plantas rupestres. Áreas com cultivo de monoculturas circundam a localidade.  

Pintura na Fazenda Issa Salomão (Pedra da Minerita) 


Silvio e Luana observam na porção inferior, as proximidades da Pedra da Minerita

Nesta inscrição, temos, a partir de relatos do arqueólogo Silvio Araújo, de uma excursão com alunos há alguns anos, onde é possível observar nitidamente, uma pintura com círculos concêntricos cortados por duas retas verticais paralelas, em pigmento vermelho. A Pedra da Minerita está localizada na porção nor-noroeste do município de Nova Campina, sendo um monólito destacado, visto sua singularidade cênica, além de outros atributos. A localização exata do sítio, segundo o arqueólogo Silvio Araújo está nas proximidades da "Pedra da Minerita", mais à direita, tendo como referência a sua cuesta.

Excursão em 2016. Como já publicado e também veiculado pelo canal da UNIVESP TV, em 2016, fizemos o trajeto com a Arqueóloga Luana Antoneto visando chegar ao local. Não obtivemos sucesso devido às condições do local, que apresentava-se muito sujo e com a presença de abelhas. 

O importante é que através de relatos do arqueólogo Silvio Araújo, constando também na publicação de mestrado de Luana, o sítio está citado. Ele existe e foi encontrado. 

Sobre mais sítios arqueológicos, o site da então secretaria de infraestrutura de São Paulo, em uma publicação sobre a região, informa que os estudos de Astolfo Araújo detectaram a existência, na região, de mais de 50 sítios arqueológicos líticos e 45 sítios arqueológicos cerâmicos. Astolfo fez um amplo estudo em toda a região do Alto Taquari, compreendendo os municípios de Itapeva, Nova Campina, Bom Sucesso de Itararé, Ribeirão Branco, Apiaí e Itaberá. A maior parte dos sítios estão na porção nordeste do Escarpamento Furnas. No doutorado do professor Silvio Alberto Camargo Araújo, muitos sítios arqueológicos são mostrados, onde se observam, além de arte rupestre, sítios com a presença de artefatos líticos e cerâmicos. Para ver, acesse: Clique aqui

Paredes com inclinação negativa, podem indicar antiga ocupação humana e manifestações rupestres

Arte Rupestre Pouso Alto e Borda

Entre os municípios de Nova Campina e Itapeva, o local apresenta círculos concêntricos em gravuras na rocha. Há também, segundo estudos do professor Silvio, vestígios de material lítico lascado e cerâmica pré-colonial, provavelmente associados à ocupação Kaingang

Com relação aos fatos históricos ligados a importância e a presença dos indígenas na região, o trabalho de pesquisa de Davidson Panis Kaseker pode contribuir com muita informação. 

                                                                                                                               Por Juliano Camargo



Para estudar mais:

https://teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-14042014-121333/publico/LUANAALBERTO_REVISADA.pdf

https://revista.sabnet.org/ojs/index.php/sab/article/view/835

https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/institutoflorestal/2021/02/os-ainda-inexplorados-canions-paulistas/







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